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«A escrita criativa é uma atividade obsessiva»

18/11/2016

 
«A escrita criativa é uma atividade obsessiva»
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Entrevista, jornal Destak, 31 maio 2016.
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Um dos pediatras mais respeitados e lidos no País volta a mostrar a sua versatilidade. Ao Destak, Mário Cordeiro fala do novo livro ‘Príncipes da Medicina’ e na forma como gere as suas (muitas) paixões.

É presença regular em muitas estantes de pais pelo País fora e, à semelhança de um daqueles actores camaleões, são vários os tipos de 'papéis' que 'interpreta'. O pediatra, professor e autor Mário Cordeiro é viciado em livros, em lê-los e em escrevê-los, de romances a livros de poesia – o último “Mais de Mil Passeios” foi dedicado às conversas com o seu cão «pelos campos da Lourinhã». Agora, lança Príncipes da Medicina, um roteiro sobre médicos extraordinários ao longo da história que sobressaíram noutras áreas.




O que o motivou a escrever um livro sobre os feitos dos mais importantes médicos da história? A história das bases da medicina apaixona-o?
Não se trata de um livro sobre médicos, mas sobre médicos “que foram mais do que isso”, ou seja, que para lá da medicina se destacaram na arte, pintura, escultura, literatura, política, filosofia, e que tiveram vidas sofridas, difíceis, muitos foram perseguidos, tendo em comum desejarem apenas o bem dos outros e não favores ou benesses pessoais nem projectos de poder. Por outro lado, como apaixonado por História, por considerar que sem se conhecer o passado não se interpreta o presente e será impossível gizar o futuro, a História da Medicina e destes percursos de vida sempre me apaixonaram.
 
Quanto tempo esteve a investigar para o livro? E quais foram os principais locais de acesso à informação?
O livro demorou cerca de 3 anos a ser escrito, impulsionado pela escrita da biografia do meu avô materno, traduzida no livro “Júlio Gonçalves – de Goa a Lisboa”, editado pela Glaciar em 2004, e consultei múltiplos livros, apontamentos de História da Medicina, sítios da internet, bibliotecas, livros biográficos, etc.
 
Como foi feita a selecção para o livro? A colocação de médicos/príncipes como Carlos Paião tem também que ver com a bondade de ´princípes’ como ele?
Um dos critérios foi de médicos que já tivessem falecido, e que se destacassem em áreas ou metodologias inovadoras e diferentes da medicina tradicional. Depois, fiz uma compilação, num processo de análise e síntese de quem incluiria; finalmente, debrucei-me sobre a vida de cada um, cruzando dados e tentando contar as histórias de uma maneira homogénea, mas realçando as diversas personalidades e o que as faz sobressair. Foram príncipes, não no sentido dos príncipes das revistas cor-de-rosa, mas de ideais de nobreza, valentia, ousadia, perfeição, amor ao próximo e espírito de dádiva – traduzindo o esforço de aperfeiçoamento que se deseja ao ser humano e à Humanidade.
 
O que mais o surpreendeu nas várias curiosidades porque passou? Foi difícil deixar algumas de fora ou coube tudo?
Foi muito difícil não ampliar o livro… apetecia, mas claro que há critérios editoriais e também não pretendia escrever uma enciclopédia. Haverá certamente pessoas que ficaram de fora e mereciam estar no livro. Muitos. Todavia, não houve qualquer “acto censório”, mas apenas uma selecção que fiz e que pretendi correspondida pelo que fui lendo em livros de História. E tinham de ser todos médicos – Leonardo da Vinci, por exemplo, era anatomista e tudo o mais que dele sabemos, mas não tinha o curso de medicina.
 
Os princípios do livro envolvem pessoas altruístas. Houve algum médico que embora praticasse bem tivesse uma moralidade em certos aspectos mais questionável?
Terá havido alguns que tinham feitios menos bondosos ou que eram mesmo irascíveis, mas apenas no que se refere às suas relações interpessoais com os mais próximos e não nos seus ideais relativamente à medicina ou à Humanidade. Todos foram pessoas de carne e osso, ou seja, não eram deuses – tinham defeitos e virtudes. Daí não ter escrito “Deuses da Medicina”. Eram pessoas normais, com todas as agruras, angústias e dificuldades inerentes à condição humana, mas com um objectivo de dádiva e de contribuírem para o progresso civilizacional. É isso que mais admiro neles. Daí os apresentar por ordem cronológica, de modo a fazer um continuum e coerente com o movimento histórico e científico. O que torna o livro, creio, fácil de ler e com narrativa interligada dos diversos percursos de vida.
 

Qual foi o médico mais importante para a humanidade na antiguidade?
Muitos, mas destacaria Hipócrates, Galeno, Avicenas, Paracelso…
 
E qual o médico-pediatra que mais o inspirou (que feitos é que ele fez)?
Talvez Robert Debré, pediatra francês. Conheci-o pessoalmente e era amigo do meu pai. Foi um dos primeiros pediatras e fundador da UNICEF, envolvendo-se também na política e na guerra, por uma França democrática contra os nazis. Foi ele também o fundador da Pediatria Social e defensor dos Direitos da Criança, tendo declarado que «a criança é a nossa Eternidade”.
 
Da lista só fazem parte médicos já falecidos. Se tivesse de escolher um ou dois que ainda são vivos importantes, quais escolheria?
É uma pergunta de muito difícil resposta. Creio que, para ter um olhar histórico, ou seja, objectivo e mais completo sobre a pessoa, deve ter-se uma visão sistémica, só possível depois da sua partida, independentemente de haver muitos médicos a desempenharem estes papéis, por todo o mundo.
 
Corrija-me se faltar alguma coisa: é professor, médico pediatra, conferencista, autor de livros… Como consegue lidar com todas estas valências variadas? Fazendo uma de cada vez ou prefere ser multi-tarefas? Como gere tudo isto?
Sou, de facto, e ainda melómano, toco piano e sou um apaixonado por fotografia e “devorador” de livros. Lido porque sinto uma enorme liberdade e um enorme gosto por aquilo que faço, porque o faço por prazer e a maioria das coisas “pro bono” ou sem fazer disso uma profissão. Apesar de conseguir um funcionamento “multi-tarefas”, tenho fases em que me dedico a umas coisas e mais a outras e vice-versa. Isto é muito patente quando escrevo livros de poesia ou romances, ou quando toco piano – alterno fases mais “furiosas” com outras de quase “inanição”. Mas gosto de descobrir coisas novas e em Setembro passado, por exemplo, decidi ter aulas de violino. No ano passado foi a vez de fazer um curso de História de Arte na SNBA. Mas o mais importante é estar com a minha mulher e os meus filhos, e acompanhar os mais novos na escola, em cuja associação de pais sou membro activo da direcção.
 
Como médico que lida com pais e crianças em situações por vezes difíceis, qual foi o momento em que sentiu que mais concretizada (em que circunstância) ou até com mais dúvidas?
Tive e tenho, todos os dias, momentos excelentes e momentos de grande angústia, estes quando sinto sofrimento nas pessoas que estão perante mim. Já tive de tomar decisões muito difíceis, como aos 29 anos (em 1984) ter de decidir, porque estava sozinho no serviço, às quatro da madrugada, se desligava ou não os ventiladores a uma criança em morte cerebral. Mas tive também o gosto de, por palpite, diagnosticar uma leucemia ou identificar uma criança que não tinha qualquer imunidade e que teria morrido se não fosse esse palpite, que me chegou vindo absolutamente do nada… ou do destino, ou quiçá do que fui aprendendo nas aulas e que na altura achava que eram “minhoquices”, os tais casos de um em um milhão que, afinal, podem-nos aparecer à frente. No Serviço Médico à Periferia, nos anos de 1980-82, cheguei a estar perto de três dias inteiros sozinho, no serviço de urgência de Peniche, com tudo o que isso inclui, de dúvidas, de responsabilidade, de receio de errar. Mas tenho também muitos casos de pais cheios de dúvidas, em situações de grande angústia, como divórcios, problemas de sono, vivências de adolescências difíceis, etc. Todos eles representam um desafio. Assim como a alegria de ver as crianças a crescer ou de ter já pacientes que são filhos de anteriores pacientes ou quando um dos meus pequeninos amigos me traz um presente ou um desenho feito por ele.
 
Como médico respeitado e muito citado, como gostaria de ser lembrado no futuro? Qual diria que é a sua marca?
Faço as coisas pelo gosto, como esta entrevista, mas não para qualquer posteridade. Não me interessa muito o que os outros possam pensar de mim no sentido de decidir o que faço para receber aplausos – por isso, tenho amigos como terei pessoas que não gostarão muito de mim… não me rala muito porque não vejo a vida como uma página de facebook ambulante em que cada coisa que se diz ou faz está à espera de “likes”… Pretendo deixar um impressão digital, claro, mas no sentido de considerar que podendo dar algo aos outros e não dar seria egoísmo e desinteresse pela causa comum. Sou uma vítima da angústia existencial, ou seja, de não me conformar com a finitude da vida e a percepção de que há tanto a fazer e temos tão pouco tempo para o fazer. O Tempo é um bem escasso e precioso, daí tentar usá-lo, cada vez mais, com coisas e com pessoas que realmente me interessam.
 
Gostaria de continuar a escrever livros além do mundo da pediatria? Quais são os seus próximos projectos (já iniciados ou ainda na gaveta)?
Já publiquei quatro livros de poesia, quatro romances e uma biografia. Este ano vou publicar um novo livro de poesia e mais um romance, e ainda, espero, uma compilação de peças para teatro e contos. Ao todo, creio ter escrito já cerca de 30 livros – o primeiro, aliás, foi um romance, em 1991. Tenho muitos projectos, alguns incluem fotografia e texto, outros apenas fotografia, outros uma combinação de vários temas. A escrita criativa é uma actividade, para mim, por vezes, quase obsessiva. Como ouvir música… felizmente consigo fazer as duas enquanto passeio o cão, o que aduz um terceiro elemento de calma e tranquilidade que me sossegam a angústia existencial, mostrando que a Natureza tem muito para nos dar – a questão é estar atento, sentir, interpretar e “espalhar a notícia” de um modo que seja bonito e apelativo, desde que essa “notícia” seja considerada de interesse. Aliás, o último livro de poesia, intitulado “Mais de Mil Passeios”, foi inteiramente dedicado às conversas que tenho com o meu cão quando deambulamos pelas ruas da cidade ou pelos campos da Lourinhã…

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CURIOSIDADES 
Príncipes da Medicina, novo livro do pediatra Mário Cordeiro


  •          Imhotep foi arquitecto das pirâmides do Egipto, e descobriu que se dormia melhor com a cabeça virada para norte, por causa das forças magnéticas terrestres (esta parte não sabia ele…)
  •         Pedro Hispano foi o único Papa português, mas foi também o oftalmologista que curou Michelangelo, quando este, enquanto pintava o tecto da Capela Sistina, fez uma lesão ocular grave
  •       Garcia de Orta foi um grande botânico e daí os jardins do Parque das Nações terem o seu nome… e  foi tão perseguido pela Inquisição que até depois de morto foi desenterrado para queimarem os seus ossos
  •       Júlio Diniz, escritor romântico, sofreu de tuberculose, da qual veio a morrer, mas foi precisamente quando estava retirado, em tratamento para a doença, que começou a escrever.
  •    Miguel Bombarda, não era crente e deixou instruções para um funeral não religioso, o que era raro na altura, mas as suas últimas palavras para o seu assassino foram: “Não lhe façam mal, é um doente. Não sabe o que faz!”
  •     Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a ser cirurgiã, e fez, com as suas mãos, com a ajuda de Adelaide Cabete, também médica, a primeira bandeira verde-rubra quando da implantação da República
  •   Ricardo Jorge, o grande infecciologista e sanitarista que, por causa da gripe, dizia que era muito melhor cumprimentarmo-nos com uma vénia do que apertando as mãos
  •  Arthur Conan Doyle, o escritor que “inventou” Sherlock Holmes era jogador de futebol, entre muitas outras ocupações, e depois de “matar” a sua personagem, teve de a ressuscitar a mando do público
  •     Pulido Valente foi um grande político e um excelente professor, de um enorme rigor, contando-se algumas histórias engraçadas com os seus assistentes. Tem o nome num dos maiores hospitais de Lisboa.
  •    Bissaya Barreto, grande amigo de Salazar, começou por ser revolucionário e maçon, e desenvolveu uma imensa obra social, desde creches, centros de saúde, consultas a pobres até ao Portugal dos Pequenitos, que tantos portugueses já visitaram 

  • O preservativo foi inventado no século XVI por Falópio, o mesmo que ficou eternamente ligado ao corpo feminino, através das trompas de Falópio
  • Garcia de Orta foi um grande botânico e daí os jardins do Parque das Nações terem o seu nome… e tão perseguido pela Inquisição que até depois de morto foi desenterrado para queimarem os seus ossos.
  • Júlio Diniz, escritor romântico, sofreu de tuberculose, da qual veio a morrer, mas foi precisamente quando estava retirado, em tratamento para a doença, que começou a escrever.
  • Miguel Bombarda, não era crente e deixou instruções para um funeral não religioso, o que era raro na altura, mas as suas últimas palavras para o seu assassino foram: “Não lhe façam mal, é um doente. Não sabe o que faz!”
  • Egas Moniz foi o nosso primeiro Prémio Nobel, ao realizar a leucotomia (e não a lobotomia, como por vezes os seus detractores referem), e não pretendeu “amansar” os doentes reduzindo-os a “vegetais”, mas sim dar-lhes menos sofrimento, pois era um homem bom, filantropo e altruísta
  • Ricardo Jorge, o grande infecciologista e sanitarista que, por causa da gripe, dizia que era muito melhor cumprimentarmo-nos com uma vénia do que apertando as mãos
  • Alfredo da Costa, o grande obstetra e político que pensou a maternidade como forma de melhorar a qualidade dos partos para os bebés e mães, nunca viu o seu projecto implementado, mas em homenagem o seu nome consta no frontispício do actual edifício
  • Jaime Cortesão foi um oposicionista às ditaduras, designadamente a de Salazar, tendo por isso sido perseguido e exilado. Todavia, foi presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores e um apoiante do general Humberto Delgado
  • São Lucas é o patrono dos médicos

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    prazeres da vida. tecnologia e comida. devaneios e divagações. bola e afins. trips, road trips e descobertas. by emot.

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