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Reportagem em Milão para o jogo Inter - Man United (Fev 2009)

Reportagem completa, com notas pessoais da experiência, aqui.
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REPORTAGEM EM ITÁLIA
Milão, entre a moda e o Calcio

Estamos em Milão e contamos-lhe a ligação da cidade da moda, inundada pelos cartazes de Beckham e a mulher, Victoria, ao Calcio. Começamos com a ida ao jogo Milan-Cagliari, na tarde de hoje.

Em Milão, em vésperas de um Inter-Manchester United da Liga dos Campeões, três assuntos ocupam os jornais e as conversas: os Oscars, a Eutanásia e o Calcio (o futebol) – não necessariamente por esta ordem. Os italianos adoram o desporto-rei, não é por acaso que têm um dos três melhores campeonatos do mundo, o clube com mais títulos no mundo (o Milan) e o terceiro maior estádio da Europa, o Giuseppe Meazza, com lugar para umas impressionantes 82 mil pessoas.

Domingo de manhã é fácil encontrar um homem com o desportivo Gazzetta dello Sport debaixo do braço. A capa dizia "Balla Balotelli", numa referência à vitória do Internazionale graças ao golo do jovem italiano (os italianos são uma raridade no plantel do Inter e os nezarruzzi (os adeptos do Inter não gostam muito do facto). Falámos com dois destes homens que levavam o "Gazetta" debaixo do braço e cada um tem uma perspectiva diferente do Calcio e do novo "milanês", o português José Mourinho (falaremos mais sobre isso na reportagem a ser publicada no jornal em breve).

Teste de fogo a San Siro
Na verdade, o Calcio é o campeonato de topo europeu com menos espectadores e menos receitas de bilheteira (mesmo com estádios de grandes dimensões). Consegue ter menos adeptos que o campeonato alemão e o campeonato francês. O que significa que o amor pelo futebol é mais caseiro do que na euforia do estádio.

Depois de termos conhecido dois milaneses que não vão ao estádio por causa da confusão e de terem receios – preferem ver no conforto do sofá –, fomos a San Siro, testar os temidos tiffosi que vão aos estádios. O jogo (deste domingo) era o Milan-Cagliari e o clube da casa não podia perder para não deixar escapar ainda mais o Inter. O nervosismo era evidente nos exigentes tiffosi.

San Siro fica num extremo de Milão, com acesso relativamente perto de Metropolitano. A chegada ao estádio é feita de forma calma, sem cantorias nem grandes euforias pelos tiffosi. No entanto, as cores vermelho e preto acompanham todos os adeptos na longa caminhada até ao estádio. O Giuseppe Meazza, que fica na gigantesca e repleta de betão Piazzale (Praça) Angelo Moratti (pai do actual presidente do Inter, Massimo Moratti), é um gigante de betão envolto em planície cinzenta e vivendas de luxo. Sem jogos é uma zona pacata e deserta, com jogos é outra coisa.

Bilheteiras desorganizadas
A necessidade de vitória e proximidade com o jogo decisivo com o Werder Bremen, a contar para a Taça UEFA trouxe mais adeptos do que tem sido habitual. San Siro estava com pouco mais de meia casa (40 mil espectadores). Um grande número de adeptos decidiu comprar bilhete mesmo antes do jogo e a confusão era grande junto das complicadas bilheteiras, onde uma fila é uma misturada de empurrões e desorganização. Resultado? Pelo menos 45 minutos para comprar bilhete, mesmo numa fila pequena.

Cesare é tiffosi e adepto do Milan desde bebé. Embora habituado à confusão das bilheteiras, não deixa de reclamar para quem vem comprar sete ou oito bilhetes para os amigos. "É uma vergonha, despachem-se", diz. Está preocupado com o Cagliari, "uma equipa surpresa", mas mais ainda com o Inter, "que está imparável", mas "nós vamos lá esmagá-los".

Um ucraniano milanês
Já Vitaliy é um tiffosi emprestado. Emigrante ucraniano há mais de duas décadas em Milão, é um habitual do estádio e ficou muito surpreendido por ver um português por aquelas paragens. "Não costumamos ver portugueses por aqui, a não ser no relvado e agora no banco a orientar", disse surpreendido, reconhecendo que, para além dos italianos vêem-se mais ingleses (em grande número agora com a chegada de Beckham) e os persistentes japoneses. Depois de falar na rigidez e inteligência de José Mourinho, depressa falou de Rui Costa: "que saudades daquela classe, mas que grande jogador".

Se o bilhete com presença do número de Bilhete de Identidade e com o nome impresso no próprio ingresso é de elevada tecnologia, o mesmo não se pode dizer do acesso ao lugar. Este gigante de betão tem quatro grandes espirais que servem de acesso (uma espécie de escalada muito longa) para o 3.º anel.

As comparações com o antigo Estádio da Luz são por demais evidentes. Se o acesso é difícil e ajuda ao exercício, o esforço é depressa compensado quando nos deparamos com a dimensão épica e bela do Giuseppe Meazza. Bem no topo do 3.º anel é possível ter vista para parte da cidade e ver um mundo de pessoas direccionadas para um relvado. Tal como no antigo Estádio da Luz a grandeza tem um preço: a visibilidade é reduzida, ou melhor, os jogadores estão muito longe.

A entrada para o estádio inclui outra particularidade: os adeptos, nomeadamente os membros da claque do Milan não se cansam de cantar, mesmo antes do jogo começar. Depois de um minuto de silêncio em honra de Candido Cannavò, director histórico do jornal Gazzetta dello Sport, que morreu este fim-de-semana – que valeu palmas de todo o estádio – começou a magia do futebol.

As cuecas de Beckham
Ao longo de todo o jogo deu para tirar algumas notas. Os tiffosi são impacientes com os seus jogadores. Seedorf, o autor do golo da difícil e sortuda vitória do Milan frente ao Cagliari foi muito assobiado sempre que perdeu a bola, isto antes de marcar o golo decisivo. Os adeptos não se cansaram de cantar e testar na perfeição a acústica incrível de San Siro. Beckham é dos jogadores mais elogiados e observados. Até os adversários o têm de observar, mesmo quando não estão a olhar para ele. Porquê? Porque a fotografia dele em cuecas da Emporio Armani apareceu na publicidade junto ao relvado várias vezes. Aliás, ele e a mulher, Victoria, estão espalhados em cartazes gigantescos por toda a cidade… ou não fosse esta a cidade da moda.

Há ainda vários adeptos japoneses totalmente equipados a rigor, com t-shirts com autógrafos e que filmam grande parte do jogo, bem como comemoram efusivamente um golo do Milan. São tiffosi-turistas muito especiais.

Com o fim do jogo, a larga avenida que dá acesso ao metro fica inundada de adeptos. A vitória escassa e muito sofrida não deu grandes alegrias, até porque o Inter de Mourinho continua bem longe.

Resumindo. Não vimos nenhum problema relacionado com a violência e insegurança, como alguns italianos nos falaram, mas reparámos numa desorganização e confusão na hora de conseguir bilhetes que torna uma ida ao estádio em Itália um processo algo moroso. Ainda assim vimos muitos pais e respectivos filhos, bem como os habituais vendedores de bilhetes da candonga. Num jogo que até teve um estádio composto, muitos para verem Beckham de perto, mais parece comodismo e situações pontuais violentas que mantém os estádios italianos com pouco público num dos principais campeonatos do mundo.

Amanhã há conferência de imprensa com José Mourinho no Centro de Treinos Appiano Gentile e terça-feira, em San Siro, o Inter-Man. United. Tentaremos estar presentes em ambos os eventos e contar o que vimos.


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Reportagem para o Destak. 

REPORTAGEM EM ITÁLIA
Falámos com Mourinho… mas pouco
Continuamos o nosso périplo por terras milanesas e hoje partimos à descoberta do pobre Centro de Treinos do Inter, onde interviemos na conferência de imprensa de José Mourinho, e em San Siro, onde vimos Ferguson, Ronaldo, Nani e companhia.


“Olá Zé, chamo-me João Tomé e gostava de o entrevistar, se possível”. A mensagem simples e directa foi escrita numa folha de um pequeno caderno e direccionada da primeira fila da conferência de imprensa de antevisão do Inter-Man. United para José Mourinho, enquanto um tradutor da UEFA traduzia para italiano o que o técnico tinha dito. Mourinho leu a mensagem, foi a única pessoa da sala repleta de jornalistas a vê-la, sorriu, e torceu o nariz dizendo mimicamente “não posso”.

A nega não nos impediu de fazer uma pergunta em português já no final da conferência, no pobre Centro de Treinos de Appiano Gentile, mas já lá vamos. Mourinho começou a conferência algo sisudo e muito sério, e acabou mais solto e alegre (os ingleses e portugueses ajudaram). Depois dos jornalistas ingleses terem inquirido “Joese Mourino” sobre a táctica a utilizar e os seus conhecimentos sobre o Man. United, foi a vez dos jornalistas italianos "atacarem" falando sobre as críticas à arbitragem de Carlo Ancelotti do último Inter-Milan. Ao seu melhor estilo Mourinho criticou Ancelotti por “ser o único a considerar o golo do Inter irregular” e não ter visto nem falado de outros lances em que o Inter saiu prejudicado, e perguntou: “Ele acha que somos parvos?”.

Português foi proibido (quase)
Na conferência de imprensa desta tarde estavam dois jornalistas da televisão portuguesa (incluindo Noé Monteiro, da RTP), e dois da imprensa nacional, o Destak estava neste lote. Apesar da presença, as perguntas em português foram banidas pelos responsáveis antes da conferência começar. Foi preciso Mourinho ter dado instruções para duas perguntas em português, para os dois membros da televisão terem oportunidade de inquirir o técnico sobre expectativas para o jogo e qual seria a marcação a Cristiano Ronaldo ("não terá marcação directa, tem muita qualidade, mas não marcamos assim ninguém, prefiro à zona").

Foi depois da resposta de Mourinho que conseguimos perguntar ao técnico (sem microfone e à revelia dos responsáveis italianos), se "os lances de bola parada serão fulcrais na eliminatória" – o treinador português tinha dito antes que esperava um jogo muito renhido e com decisão só garantida no final da segunda partida, em Old Trafford (à semelhança do que aconteceu com o FC Porto de Mourinho, a ser salvo pela “cabeça” de Costinha no final do jogo da Champions, em Inglaterra, há cinco anos atrás).

Resposta: “As bolas paradas podem ser fundamentais. Temos estado a treinar tanto na defesa como no ataque. Eles têm uma equipa que nós não temos, com quatro ou cinco jogadores com 1m94/95, Ferdinand, O’Shea, Berbatov, Vidic (que joga na 2.ª eliminatória), o Cristiano que está perto do 1m90 e que de cabeça também é forte. Nós somos uma equipa mais pequena, temos o nosso modo de defender bolas paradas, defendemos misto. Alguns jogadores fazem marcação ao homem, outros fazem a zona. Não sofríamos nenhum golo de bola parada, sofremos um no último jogo do campeonato, se calhar essa falha poder-nos-á ajudar a ter um bocadinho mais de cuidado nesta eliminatória”.

Falhas na tradução, jornalistas e provocações
José Mourinho é um treinador atento aos pormenores. Isso não muda, bem pelo contrário, na sala de imprensa, onde mede bem as palavras (mesmo as mais agressivas têm, normalmente, um intuito de ajudar a sua equipa ou a sua estratégia). Esta tarde não foi excepção. Com jornalistas de todo o mundo (predominantemente ingleses e italianos, que pareciam em números iguais), Mourinho ouviu com atenção a tradução às suas palavras pelo tradutor de serviço da UEFA. Chegou mesmo a emendá-lo em duas situações caricatas. Uma delas fê-lo rir a alto e bom som e levar as mãos à cara, tal foi a diferença do dito ao traduzido.Bem diferente da postura inicial, austera, dura. Nos breves minutos de perguntas a Zanetti, Mourinho espreitou uma revista, sempre muito sério.

Os jornalistas também tiveram a sua quota-parte de más citações. Na conferência de imprensa que se seguiu à de Mourinho, esta já na sala de imprensa de San Siro, os jornalistas ingleses atiravam frases feitas que Mourinho não disse, ou que referiu mas de uma forma bem diferente, para provocar Sir Alex Ferguson (como todos os ingleses lhe chamam). O técnico escocês, experiente nestas andanças, brincou com algumas das citações erradas e mais provocatórias, inclusive uma em que Mourinho teria dito (segundo um jornalista) que o United vinha a San Siro com o mero intuito de não perder o jogo – algo que o português nunca disse.

Outra coisa que José Mourinho nunca disse, mas que chegou a vários sites desportivos estrangeiros e portugueses dessa forma foi “o United vem jogar muito à defesa”. Na conferência de imprensa o técnico emendou inclusive um jornalista que lhe disse isto, repetindo, “o que eu disse foi que vêm jogar de modo diferente da Liga inglesa, só isso”.

San Siro para inglês e português verem
Após a conferência de imprensa de Ferguson, onde também esteve um Berbatov algo aborrecido (já na conferência de Mourinho o capitão Zanetti esteve alguns minutos no início e depois saiu), houve treino do Man. United em San Siro. Presentes estiveram, naturalmente, os portugueses Cristiano Ronaldo e Nani, que se nota serem bastante amigos dos brasileiros do plantel do clube de Manchester e dos mais divertidos do plantel.

No épico e estonteante, mas também muito frio (coisa que não tem faltado em Milão), estádio de San Siro milhares de flashes e muitas câmaras captavam ao pormenor os momentos do treino ligeiro.

A televisão oficial do Man. United fazia nesta altura um directo do estádio, com a presença de uma antiga glória do clube, que falava sobre a eliminatória de forma clara: “é o jogo do ano, até agora. Dois velhos conhecidos reencontram-se novamente, agora em campeonatos diferentes. É o embate que mais expectativa está a criar no mundo do futebol e esperemos que os deuses estejam com o United, porque vai ser difícil”.

(Des)organização italiana
Se no domingo já tinha ficado claro que a organização para comprar bilhetes é um ponto muito negativo na estrutura do Calcio (a confusão faz parte da normalidade por aqui), a organização do Inter também fica aquém do esperado para um campeonato que está no top dos melhores do mundo. Se a falta de condições (não há Internet em Appiano Gentile) para os jornalistas é óbvia, o mesmo acontece com a segurança.

Foi fácil demais entrarmos no Centro de Treinos do Inter. Não foi necessario mostrar qualquer credencial e a desorganização também quase nos levou a perder a conferência de imprensa de José Mourinho. O que inicialmente estava previsto para as 15h foi alterado para as 14h, quase sem aviso prévio.

Appiano Gentile, o fim do mundo
Fica a cerca de 50 km da cidade de Milão e é uma localidade com muito poucas casas e muitas planícies (no ar nota-se uma camada de humidade peculiar). A zona, perto do Lago Como, não tem quaisquer serviços. A estação de comboios mais próxima (único transporte directo para lá chegar sem ser por viatura própria) fica a alguns kms, na pequena vila de Lomazzo, mas nem sequer táxis existem com facilidade (é preciso ligar).

No meio, literalmente, de nada, fica uma infra-estrutura que parece ser bem mais pequena do que o Centro de estágios do Seixal, do Benfica, com dois campos de futebol principais e um edifício central muito pouco exuberante e com condições muito pobres para um clube tão rico.

Peculiar mesmo foi termos encontrado uma família portuguesa no meio dos tiffosi italianos (cerca de 30) que estavam à porta do Centro de Treinos, à espera da saída dos jogadores. Uma mãe portuguesa e as suas duas filhas explicaram que estavam ali “porque moramos a poucos kms do Centro”. Afinal os portugueses do Inter não são os únicos a viver naquela zona.

Amanhã esperamos estar em pleno San Siro, desta feita lotado, para sentir as vibrações (até porque San Siro vibra (literalmente, a fazer lembrar o antigo Estádio da Luz) com o cantar e saltar dos tiffosi, do Internazionale di Milano vs. Manchester United, a primeira-mão de uma eliminatória que Mourinho espera resolver só em Old Trafford. Foi lá que há cinco anos fez história ao eliminar o United no seu próprio estádio (golo de Costinha no último minuto), num ano onde venceu a Liga dos Campeões pelo “modesto e pequeno (piccolo)” FC Porto, como disse hoje o técnico português.


Reportagem, pós jogo Inter-Man. United, Fevereiro 2009. Liga dos Campeões.

Mourinho é sempre o último a fechar a porta

Uma eliminatória como aquela que opõe Inter de Milão e o Manchester United gera um turbilhão de emoções junto dos adeptos, que falam no encontro nas ruas, nos cafés, no local de trabalho e, claro, no caminho para o estádio de San Siro. Mas não são só os adeptos, ingleses e italianos, mas também estrangeiros, que vibram com este embate de titãs.

Os jornalistas italianos e ingleses, mas também chineses, norte-americanos, australianos e afins, andam numa roda vida que mistura o puro trabalho e o amor que também têm pelo jogo. Para eles, o embate entre Mourinho e Ferguson é o que mais cativa nesta eliminatória.

Na nossa passagem por Milão, as emoções aumentaram com o aproximar do jogo da primeira-mão, em San Siro, que terminou sem golos, mas foi profícuo em intensidade e em caracteres para escrever ou palavras para relatar. Os jornalistas foram chegando várias horas antes do jogo começar. Num estádio lotado de adeptos (foram 81 018), com filas bem grandes para entrar no recinto, também os jornalistas estão no limite da capacidade.

«Foram recusados dezenas de pedidos de jornalistas de vários países, por não termos mais espaço», disse-nos o assessor inglês do Inter de Milão, Stuart Park, um homem que acompanha as conferências de José Mourinho e tenta evitar o «frenesim de alguns jornalistas com os jogadores e o técnico».

Dentro do velhinho Giuseppe Meazza, os jornalistas italianos fazem o seu prognóstico para o jogo. A maior parte admira José Mourinho, mas ainda não o compreende na totalidade, especialmente as suas atitudes nas conferências de imprensa. Já os ingleses, que não vimos misturarem-se com os italianos, são mais galhofeiros e divertidos, e lamentam que este Inter tenha um estilo tão italiano de jogar. «Nós, britânicos, gostamos de espectáculo», diz-nos um repórter do The Times.

O final do jogo é a altura de maior intensidade de trabalho. Ultimam-se os textos para enviar para locais tão distantes quanto o site oficial do Inter, a Gazzetta dello Sport, o site da UEFA, os britânicos The Guardian, The Times, o site da BBC, entre muitos outros. Depois segue-se as conferências de imprensa com os técnicos e um local mais caótico, a zona mista. 

A zona mista
Dezenas de jornalistas da televisão, sites, rádio, imprensa, inclusive uma simpática repórter chinesa, tentam a sua sorte com a passagem dos jogadores. Adriano e Figo são dois exemplos de jogadores que não queriam falar, nem mesmo em português, por isso não se manifestavam aos pedidos. Depois há as amizades. Uma jornalista com quem falámos no meio da confusão conhecia bem todos os jogadores do United, já que trabalhava há quatro anos no canal oficial do clube, e até viaja sempre com a equipa. «Adoro o meu trabalho, acho que é o melhor do mundo», dizia.

Um divertido jornalista veterano do Daily Express, adepto do United, explicou que o amor pelo futebol dos ingleses vai muito para além das vitórias. «Se a minha equipa vence e tem um péssima performance fico triste e preferia que não vencesse. Não quero apenas vencer. Quero que o United vença ao estilo United», disse. Outro, do The Guardian (e Observer), não compreendia porque os adeptos italianos «aplaudiam e comemoravam os lances em que o Inter pressionava o United, como se de um golo se tratasse».

À medida que iam passando os jogadores do Inter e do United, alguns só falavam com quem conheciam ou com quem os assessores dos respectivos clubes indicavam, vimos e ouvimos os mais faladores, Ryan Giggs, Rooney, Michael Carrick e Ibrahimovic. Alex Ferguson passou com o seu staff sorridente e sem parar. Cristiano Ronaldo parou para as televisões, primeiro inglesas e italianas e, depois, mais brevemente, as portuguesas.

Passaram todos, desde staff técnico a jogadores. O corredor da zona mista esvaziou-se de jornalistas. Ficámos por ali, sozinhos, na conversa com o repórter da TVI Henrique Mateus e já sem esperança de falar com José Mourinho.

O último a sair
Meia hora depois e com um trolley na mão, vimos José Mourinho, sozinho e sorridente. Foi um Mourinho mais franco e aberto do que aquele da conferência de imprensa que falou para os dois jornalistas portugueses. «O United tem jogadores muito rápidos em todas as posições, nós não temos isso… temos de trabalhar com o que temos», admitiu Mourinho sobre as limitações da sua equipa actual, que tem tido grande problemas na defesa.

«O Rivas não fez aquilo que pedi dele e a saída ao intervalo ajudou a equipa a ficar mais segura e organizada. Ganhámos a experiência do Córdoba», respondeu directamente o técnico a uma pergunta que fizemos. Num tom afável, prestável, simpático, sorridente e que espantaria muitos jornalistas italianos e ingleses, Mourinho despediu-se com um «Adeus e até à próxima» bem português, depois de mais um dia onde falou acima de tudo em inglês e italiano.

Crónica
Sentir San Siro
25 | 02 | 2009 

San Siro é como o antigo Estádio da Luz, só que maior e mais imponente. Os italianos chamam-lhe La Scala (mítica sala de ópera) do calcio, e com razão. Não faltam cânticos tão inspiradores como a ópera, a acústica é impressionante e ideal para um estádio lotado para uma grande festa do futebol.

Os saltos das claques fazem os vários anéis tremerem, proporcionando um "terramoto" de emoções. Palavras não chegam para descrever o coro épico e estrondoso de 80 mil gargantas que não param desde o início do hino da Champions até ao apito final. Nervosismo. Adrelina. Ritmo cardíaco elevado não faltam nas reacções explosivas dos tiffosi a cada jogada. O frio de um grau é esquecido e o corpo aquece com o calor humano.

No terreno de jogo, Mourinho colocou os dois centrais mais altos disponíveis (Chivu e Rivas), continuando no habitual 4x4x2. Ferguson mudou e também apresentou um 4x4x2. O United foi o grande protagonista da primeira parte - Ronaldo esteve perto de marcar. O Inter demorou a ganhar tranquilidade na defesa e respondeu com seis remates pouco perigosos. O primeiro tempo terminou com o estádio em exaltação completa, quando o árbitro deu amarelo ao suplente Toldo por protestos.

A segunda parte começou com uma correcção de Mou-rinho, ao substituir o trapalhão Rivas, pelo rápido e mais baixo Córdoba. E o Inter renasceu. Adriano esteve perto do golo por duas vezes e os nerazzurri reclamaram penálti. O perigo também rondou a baliza do Inter em jogadas de Ronaldo e Giggs.

Impacientes com as demoras do United, os tiffosi milaneses foram para casa com a mesma esperança que os 4 mil ingleses, tal como Mourinho previu.
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