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A magia de Hélder na Broadway

Reportagem para a revista Sábado e publicada a 13 de dezembro de 2013. Versão da revista pode ser vista AQUI. Esta é a versão longa e original.
Deixou Barbara Streisand, Steve Martin, Ryan Gosling e JJ Abrams de boca aberta e tem o espectáculo mais ‘in’ da Broadway: Nothing to Hide. O português Hélder Guimarães tomou a América de assalto com humor e magia e, sem querer, cumpriu o sonho americano. Fomos à Broadway conhecer o Cristiano Ronaldo das cartas, dias antes de Woody Allen ter passado por lá.

Por João Tomé

    
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ImagemO pai fotografou-o aos três dias de vida com um baralho de cartas
As mãos suaves, delicadas, flexíveis, artísticas de Hélder, um português com sotaque do Norte, revelam o trabalho diário, consecutivo, quase obcecado e que para muitos seria árduo, de treinar 1001 movimentos com as cartas. 
"Nos últimos 10 anos não me lembro de um único dia sem um baralho nas mãos". Obrigação? "É um prazer. É óptimo poder ganhar dinheiro a fazer algo que é um gosto pessoal". Hélder nunca se deixa cair na monotonia, desde que tenha um baralho de cartas nas mãos. São mãos pequenas, de um típico português de baixa estatura com a facilidade de falar tão frequente nos portuenses.

Nascido no Porto a 11 de Novembro de 1982, tinha  três dias quando o pai, José Manuel Guimarães, engenheiro electrotécnico com o hobby da magia, o fotografou com um minibaralho de cartas na mão. Hélder lembra-se que a sua primeira actuação foi aos quatro anos de idade. “Foi numa festa do infantário e o meu pai ensinou-me um truque simples, já não me lembro qual.” Aos 8, já fazia truques com aparelhos mecânicos, que “faziam o trabalho todo” por ele, e participava com o pai em convenções e congressos de magia e ilusionismo, onde partilhava segredos com amigos.

Apesar da paixão “não havia nada que me agarrasse totalmente” até que aos 10, depois de ter desistido da magia durante longos três meses e voltado por não se sentir completo sem a magia, apaixonou-se pelas cartas. “Fui a Espanha e vi um espectáculo de 1h30 só com um baralho de cartas e muito humor e percebi: é isto!”. Quem era? Um dos seus ídolos, o veterano espanhol Juan Tamariz. 

  
ImagemVenceu dois Óscares da magia, competindo com mais de 3 mil mágicos de todo o mundo.
E o que são as cartas? 
“Um simples objecto que se pode tornar complexo, assumir formas diferentes e dar tantas experiências distintas”. Aliado ao humor, que já seguia e gostava desde os 10 anos, criou algo singular no espectáculo Nothing to Hide, que é “um misto de magia, humor e teatralidade”. Fã de Louis CK, começou por acompanhar Woody Allen – nem de propósito o ídolo foi vê-lo num dos espectáculos esgotados da Broadway a semana passada. Depois aprecia o humor de Ricky Gervais, Zach Galifianakis, entre outros, e junta o humor ao amor pelo cinema.

A sua história faz lembrar a do persistente Cristiano Ronaldo, conhecido por ficar nos treinos depois de todos os outros saírem, a melhorar. “Há pessoas que se deslumbram aos 16 anos quando ganham uns trocos a fazer magia”, mas Hélder admite que nunca buscou o dinheiro, “trabalhei para que as coisas me acontecessem de determinada forma”. Claro que “há sempre um lado de sorte e eu sou um sortudo” mas se o seu trabalho não tivesse qualidade “não teríamos estendido a temporada em Nova Iorque até 19 de janeiro e não teríamos feito 19 semanas de actuações esgotadas em Los Angeles.

A primeira oportunidade de mostrar o talento surgiu na Tertúlia Castelense, um espaço que acolhia espectáculos e que só se tornou presença regular depois de Hélder pedir uma oportunidade ao dono que já tinha tido uma má experiência com magia. Foi na mesma altura em que estava a entrar na casa dos 20 anos e a concluir um curso de quatro anos de teatro no ESMAE (Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo) no Porto. Perfeccionista, Hélder “queria desenvolver técnicas teatrais para fazer o que eu faço a um nível requintado, profissional e com qualidade” e a Tertúlia foi a prova que a magia com humor e teatro resultava, daí que começou a ser solicitado para outros locais.

As portas do mundo abriram-se em 2006. No mesmo ano em que terminou o curso de teatro, foi a Estocolmo competir com quase 3 mil mágicos num campeonato de magia ao estilo Jogos Olímpicos (há apenas de três em três anos) e saiu de lá com o título campeão mundial de magia em cartas. “Comecei a fazer espectáculos por todo o mundo: Austrália, Japão, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Inglaterra”, estava mais tempo fora do que em Portugal e foi presença frequente em programas de televisão estrangeiros e nacionais, onde se inclui passagem pelo Diz Que é Uma Espécie de Magazine, dos Gato Fedorento. Foi nessa altura que sentiu alguma mágoa, porque “houve muitas portas que se fecharam” por parte de pessoas que podiam abri-las. Muitos portugueses lhe perguntam quando volta para fazer um espectáculo e ele admite ter saudades mas “não senti que pudesse fazer uma carreira em Portugal”. E agora nos EUA “em menos de dois anos estou na Broadway. É um bocado surreal”.


   
"Não senti que pudesse fazer uma carreira em Portugal”.

ImagemEm Los Angeles, Hélder fez dupla com o amigo americano Derek e conheceu o actor Neil Patrick Harris.
DESTINO: ESTADOS UNIDOS
Foi a 11 de Janeiro de 2012 que se mudou de cartas e bagagens para Los Angeles. “Desde 2007 que vinha a Los Angeles”, à meca da magia chamada Magic Castle. Chegava a ficar três meses e foi nessa altura que conheceu o agora amigo e mágico Derek Delgaudio. Foram esses contactos que o levaram a decidir mudar-se para os Estados Unidos. Porquê? “É o único lugar do mundo onde compras bilhetes para um espectáculo de magia por quase 200 dólares”. No país do Sonho Americano sentia-se valorizado por colegas e público “capaz de gastar para ter uma experiência de uma hora que se dissipa e fica uma memória”.

E o sonho começou 7 dias depois de ter chegado. O amigo Derek partilhava uma sala com outro mágico que desistiu e Derek convidou Hélder a juntar-se a ele. “Eramos amigos por isso achámos que podia ter piada fazer um número em conjunto, só que gostámos tanto que acabámos por fazer tudo junto”.

O Neil Patrick Harris viu, adorou e quis ajudar e participar. Hélder lembra-se quando Neil lhe disse eufórico: “Isto [com humor] é o que magia deve ser sempre”. Passou a dirigir o duo de mágicos (algo raro na arte), concluíram o espectáculo, chamaram-no Nothing to Hide e Neil levou-os para a mítica sala Geffen Playhouse.

Foi lá que tudo mudou: centenas faziam filas por um bilhete – muitos deles para ver o espectáculo outra vez. Avolumaram-se os elogios de directores e outros mágicos e esgotaram a sala durante 19 semanas seguidas. “Houve espectadores a ficar sete horas na fila por um bilhete e dizerem-nos no final do espectáculo que ‘valeu a pena’», diz um orgulhoso Hélder.


  

O ESPECTÁCULO: Nada na manga, nada a esconder

"Não tenho interesse nenhum em vos mentir.” “Aliás, não é por isso que eu estou aqui. E não é por isso que vocês estão aqui." Depois de um pequeno número teatral, Hélder Guimarães começa o espectáculo para americano ver, a falar na língua de Camões, com tradução do colega americano Derek. O facto de ser português dá o mote para o lado humorístico do espectáculo, desde o modo “português” como baralha as cartas, até ao sotaque quando fala em inglês. Ambos os mágicos provocam-se, no que chega a parecer um divertido e feroz duelo (magic-off) mas resulta graças a uma colaboração verdadeiramente mágica.

Não é por acaso que a sala para 300 pessoas do Pershing Square Signature Center (um complexo desenhado por Frank Gehry), na 42sd street, em Nova Iorque, tem estado lotada desde que o espectáculo chegou à cidade, a 6 de novembro (foi agora estendido até 19 de Janeiro). Ver neste momento é missão impossível mas os bilhetes oscilam entre os 77 e os 150 dólares (56 aos 110 euros).

E o que é que Nothing to Hide tem para colocar toda a crítica de Nova Iorque rendida? 
Uma mistura embasbacante entre magia e humor. Este duo de mágicos, que tanto diz clichés poéticos como depois goza com eles, parece sobrenatural. Podemos rir, sorrir, concentrarmo-nos nos truques, tentar descobrir o que se passou à nossa frente ou simplesmente ficar espantados com as missões (aparentemente) impossíveis com cartas, baralhos, um público a participar nos truques, caixas de madeira com surpresas, macacos de peluche e… magia. Hélder e Derek dizem que não têm nada a esconder, mas surpreendem, adivinham e fazem aparecer o impossível. 











OS DOIS AMORES: MAGIA VS COMÉDIA

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 Hélder sente-se dividido “entre ser mágico e comediante” porque o que faz “é uma combinação de mágico, comediante e actor”. Mas apesar de gostar “muito do riso” que provoca “não há satisfação maior do que observar e presenciar alguém a testemunhar o que naquele momento considera um milagre, algo impossível”.

 E nem precisa de haver risos ou palmas, ele gosta da “ausência de reacção que a magia provoca, o BAH”. Um momento que o portuense que conquistou primeiro Hollywood e agora a Broadway vê como “crucial”: “quando somos crianças temos constantemente e quando somos adultos perdemos essa surpresa genuína que a magia ainda pode dar”. 
No mundo actual em que a tecnologia ou o Google nos explica tudo e “já não conseguimos viver sem saber algo”, “perdemos algo com esse excesso, perdemos a nossa imaginação, o mistério, e a magia traz isso de volta”. 

 

DOS ÓSCARES DA MAGIA AO CINEMA

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O futuro está nas cartas e no audiovisual. Este Ronaldo das cartas, persistente e dedicado àquilo em que acredita, venceu nos últimos dois anos do prémio de Melhor Mágico do mundo pelos Óscares da magia, atribuídos pela Academia de Artes Mágicas de Hollywood (com mais de 3 mil membros de todo o mundo).

Agora com a visibilidade do espectáculo Nothing to Hide provocou uma chuva de elogios, de críticas incríveis na exigente Broadway – ele e Derek foram capa da revista de culto Village Voice, algo que utilizam no próprio espectáculo – e de propostas dos maiores agentes do país do Tio Sam. 



E se JJ Abrams (líder das sagas de Star Trek e Star Wars) lhes enviou uma carta a dizer ter ficado maravilhado nas três (sim, três) vezes a que assistiu a “um dos grandes prazeres da vida”; Steve Martin exigiu uma conversa de uma hora e Maria Sharapova e Jack Black pediram uma fotografia com o duo.

Depois de já ter cooperado com um segmento do programa de Jay Leno, Tonight Show, onde ajudou a surpreender entrevistados, Hélder vai colaborar em 2014 com um filme importante de Hollywood para ajudar a criar «uma grande ilusão» e tem colaborado em campanhas de várias marcas, que o procuram para criar ajudar a criar sensações nas pessoas. Que filme e que marcas? Não pode dizer “por obrigações contratuais”.

Perante uma chuva de propostas para projectos novos e a certeza que Nothing to Hide pode aumentar de dimensão ou «viajar em tour», o grande dilema é decidir. O show tem e vai continuar para Hélder, com apelido da cidade berço de Portugal e que tem sido um exemplo que a originalidade e o talento permitem 'marcar golos’ no berço do entretenimento e do Sonho Americano. 
Sem pressa, “vou analisar tudo e escolher o que me fizer mais feliz, porque é isso que conta”.




 

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Para saber mais sobre o Hélder, espreite o site THIS IS HELDER ou o Facebook

  
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